Os membros da Conferência dos Bispos Católicos do Quênia (KCCB) renovaram sua oposição ao programa de Educação Integral em Sexualidade (CSE) no país, com uma campanha online que visa coletar pelo menos 10 mil assinaturas locais.

Os bispos "se opõem totalmente ao CSE", disse Dom Paul Njiru Kariuki, chefe da Comissão de Educação da KCCB, que lidera a campanha. Em declarações à ACI África - agência africana do Grupo ACI - na sexta-feira, 22 de maio, assinalou que se o programa for incluído no currículo educacional do Quênia "trará lésbicas, gays e isso destruirá nosso país".

"Acreditamos que deveríamos ensinar aos nossos filhos os valores e as virtudes", disse Dom Kariuki. "Se prestar atenção ao CSE, é tão sujo que, se seguirmos por esse caminho, destruirão a fibra moral do nosso país", acrescentou.

A campanha online lançada pelos bispos ocorre em colaboração com Family Watch, uma organização afiliada às Nações Unidas (ONU).

"Estamos coletando assinaturas online para pressionar o Governo a retirar nosso país do compromisso com o CSE", declararam os bispos, em 22 de maio.

O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) definiu o CSE como uma abordagem de educação sexual baseada em direitos e focada no gênero, que inclui informações sobre contracepção, infecções sexualmente transmissíveis, parto, violações de direitos humanos, incluindo violência de gênero e abuso sexual, desenvolvimento humano e saúde reprodutiva.

O Governo do Quênia assinou uma declaração comprometendo-se em expandir a educação sexual abrangente baseada em direitos a partir das escolas de ensino fundamental em 2013.

No entanto, a campanha online "Stop CSE" se opõe ao currículo porque é "um dos maiores ataques à saúde e inocência das crianças".

"CSE vai contra os valores culturais do Quênia", enfatizaram os bispos. Indicaram que o currículo proposto "dá às crianças o direito de decidir quando e com quem ter relações sexuais e também promove ideologia prejudicial de identidade de gênero, promiscuidade sexual e aborto".

Os bispos também argumentam que o CSE adota uma "abordagem controversa da educação sexual baseada nos direitos e não na saúde, e que o currículo enfatiza os 'direitos sexuais' em detrimento da 'saúde sexual'".

"A implementação do CSE ocorreu sem a participação, orientação e aprovação dos pais", asseguraram os bispos, acrescentando que essa medida "viola os direitos dos pais, que não foram consultados".

"As pesquisas que as agências da ONU usam para afirmar que o CSE é eficaz e impedirá a gravidez na adolescência e as DST, incluindo o HIV, e que a educação para a abstinência é ineficaz, foram recentemente desacreditadas em um estudo global" assinalaram os bispos.

"Fazemos um chamado aos pais para apoiarem essa iniciativa, porque no final das contas, esses são seus filhos e o que será ensinado não os ajudará amanhã", assinalou Dom Kariuki à ACI África.

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CSE foi rejeitado em diferentes nações africanas, incluindo Gana, onde os bispos católicos descreveram o currículo como "uma maneira sutil de introduzir a homossexualidade nas crianças que frequentam a escola".

No Quênia, os líderes da Igreja Católica e outros órgãos religiosos já haviam se oposto à introdução do programa de estudos do CSE, mas esses esforços não tiveram sucesso, disse Dom Kariuki.

O Prelado explicou que "as pessoas que apoiam o CSE são fortemente financiadas, usam o poder do dinheiro para forçar isso em nosso currículo, e forçam-no não pelo melhor método, mas por uma forma corrupta".

"Não é só uma questão de educação, mas através dela (CSE), o consumidor também fará com que essas indústrias se beneficiem", afirmou Dom Kariuki.

Do mesmo modo, chamou os quenianos a não abraçarem "tudo o que vem de nações externas", porque aceitarmos “tudo de fora, nos destruirão e não teremos uma boa sociedade".

Como alternativa ao CSE, Dom Kariuki disse que a Comissão de Educação desenvolveu um programa de estudos em colaboração com os desenvolvedores de planos curriculares no país.

"Temos muito material para ensino fundamental e ensino médio, juntamente com os desenvolvedores do currículo", comentou.

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A Aliança Mundial da Juventude, que está colaborando com os bispos na última campanha contra o CSE, também propôs um plano curricular baseado na dignidade humana (HDC) para ajudar os jovens a "compreenderem quem são e o que podem se tornar”.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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